O ARQUÉTIPO DA FORMA

O território e a sua tipologia, desenvolvem um conjunto de conceitos que nos permitem percepcionar aquilo que é a criação de limites, linhas, formas e contrastes, definindo-se novas camadas de leitura. É nesta constante reformulação conceptual e visual que o projecto se desenvolve.

No processo de residência foi realizada uma viagem para a ilha mais ocidental do arquipélago dos Açores, a ilha das Flores. É nesta viagem que se entende que a investigação, que já vinha a realizar anteriormente sobre o território e a fronteira, cria um olhar mais atento a conceitos que existem pelo primeiro contacto com este tipo de território. Esta ilha fez com que se abrissem novas perspectivas sobre o conceito de fronteira, os limites: o “bloqueio físico”. É dentro destes diferentes aspectos que se inicia a construção de um trabalho sobre o lugar em causa.

Despindo o contexto de  um arquivo fotográfico da erupção de um vulcão, inicia-se a narrativa visual, através de detalhes das nuvens de fumo. Na abstratização destas formas encontro a alavanca para a construção de um conjunto de imagens que pensam as camadas do território e a sua construção. Assim, o projecto debate-se pela viagem na ilha, o encontro com o “centro” e a determinação visual do que é esta viagem. Rompendo uma estrutura rigorosa e lógica destes conceitos, metaforiza-se a forma de como o nosso olhar pode encontrar uma nova percepção das camadas e linhas que desenham o próprio território. Não sendo uma viagem possível fisicamente, as  imagens e a sua sequência pretendem formular a narrativa do autor, o conceito de reconstrução da viagem.

Se até ao momento da residência o conceito de fronteira se baseava no “trespasse de uma linha”, agora a leitura sobre este conceito adquire um maior número de relações e codificações que me permitem encontrar, na forma da ilha, a “revelação” do que pode ser um bloqueio físico, que se transforma numa relação real e visual do que  é a fronteira. Um território que se constrói e se deixa reconstruir, uma viagem pelas camadas visuais de um lugar que se deixa transformar e metaforizar.