archeo

Numa viagem clara entre épocas não decifráveis, este trabalho cria uma relação naquilo que pode ser uma reação à forma como imaginamos a nossa “transição” no mundo em que vivemos. Especular um sentimento de evolução e constante desmazelo pelas simples coisas que nos rodeiam. Trata-se de um animal, de uma espécie, de um jogo entre o mar e a terra, um jogo de épocas e memórias.

Nas imagens, um orifício em terra é como que um túnel para uma perspectiva estética, a descoberta de novas coisas, de novas formas. Surge no espaço documentado um anzol, o detalhe que constrói o todo. Do mar para a terra, numa estrutura expositiva que acentua ainda mais esta ideia de deslocação, um transporte/transição frágil. Archeo estabelece aqui uma ligação formal com a ação do artista enquanto arqueólogo, talvez pela forma ou necessidade de descrever em diferentes camadas a relação com o espaço em que vivemos, com a transposição de uma narrativa para uma outra dimensão: a arqueologia da metáfora.

A criação de imagens, desde a fotografia aos desenhos realizados/recolhidos, levanta um conjunto de percepções sobre uma narrativa construída que traduz uma necessidade colectiva de entender o que “pisamos”, o que vivemos e experienciamos.

Uma viagem entre possíveis novas narrativas que descrevem esta adaptação, num mundo que transita entre falhas e necessidades. Um lugar em pausa.

João Gigante, 2019